domingo, 15 de março de 2009

Desatadas (por ela)

Palavras soltas de l para r
Fogo que arde sem se ver mas que se sente. Qual será a medida do sentir? Perco-me nele, em ti. Tempo incontável, quando estou dentro da tua boca,Toma-me...

Bocas e línguas cruzadas, apoiadas nesse redemoinho de sentires, quando sentir não basta...Pressinto que te amo. Coloca-me em ti. Um que nós somos. Percorre-me nos nossos labirintos. Tua. Meu.

Perdida nos sentidos...nas sensações do meu corpo no teu. Rendo-me sem resistir a esse devaneio que me arrebata. Sem retorno, deitada nesse vibrar, em que o sangue corre e percorre-nos como um néctar divino.

Fluidos que jorram, de um prazer que se recria. Numa avalanche, única, intensa e constante, do rio e mar que nós somos. Queres-me ? Sei que te quero.
Quero-te. Corpos molhados que deslizam, numa dança frenética e luxuriante. Penetras-me no ânus escorregadio e expectante. Entre respirações ofegantes e gemidos de prazer, atingimos o êxtase. Com a língua, sorvo todas as gotas do teu corpo...retendo-as.

Sabes que sim, que queres, que quero. Esporra-te e vibra dentro de mim. Desfruto do prazer que me dás, no teu. Sem limites. Colados, pele com pele, espírito com espírito. Cúmplices. Amantes. Puro desejo numa dor que desatina, não do que se sente, mas do que não podemos reter no tempo.
(...)
Eu, que sou alma liberta, deliciosamente presa em ti. Aqui resguardada da violência do vento e da chuva, que sopra e cai, sem contemplações, prefiro-te, nas emoções regadas no rubro líquido da luxúria. Imagino a minha boca, dentro, da tua...

Talvez me encontre no desassossego da tua espera. Prendo-me nas cores dos sabores antes desfrutados...

A impaciência que sirva apenas para amaciar a saudade das almas reflectidas nos corpos sedentos.

Espera que termina, saudade que se mata....
(...)
És, tentação que me preenche e lambuza. O sol fulgurante que brilha e ilumina, olhos e bocas que se entrelaçam num encontro de descobertas. Dormiste ancorado no sonho ?

Somos, corações que batem em uníssono. Vida na sua pureza. Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós e daquilo que realmente vale como principal. Vejo-te a ti e esse desejo incontornável de me entregar ao que sinto por ti. Porque sim.

As palavras, apenas são o traje que adorna o que sentimos, desejamos. Alimentamo-nos, um do outro, sem nos saciarmos, num querer crescente e infinito. Coexistes comigo. Libertador. Doce. Intenso. Atados por linhas invisíveis. Assim, dessa forma tão leve e subtil.
Nesse fogo que abrasa. Constante. Real. Atraindo e subjugando nessa fome, que nos arrebata numa força motriz, mantendo os braços estendidos, a boca expectante e os olhos que não se desviam dos alvos que somos nós. Desejo de...

Passeamos um pelo outro, porque o desejo nunca é solitário. Quanto mais te percorrer, mais me percorrerás. Dedos que se abrem em mãos de devaneio. Incontrolável.

Sons que entoam uma melodia harmoniosa de tons coloridos, nas vontades que se encontram no mesmo objectivo. Prazer de ter, de dar.

Numa permanente redescoberta, cúmplices da tentação de ir na continuidade do outro, completando e nunca subtraindo. Saborear.

Nessa simplicidade absoluta de te amar, nessa forma única e especial, me perco. Existem sons que não se calam, num grito surdo de um coração que pulsa.
(...)
Corpo, templo da minha alma...

Sangue, que corre por pensamentos ondulantes, rubros de paixão. Desliza quente.

Dedos, que absorvem cambiantes de cores, quentes, de loucura sentida. Sedentos, num rodopio de sensações descobertas e por descobrir.

E que, em pingos de prazer, adormecemos, cansados e ansiosos por um novo recomeçar.

Na tua boca repouso e nos teus dedos sereno segredos desnudos, de um corpo sobre o teu. Meu. Início infinito de sentires. Vício de mim, em ti.

Existem vícios que nos aprisionam numa asa libertadora. Corajosos são os que saltam os seus próprios limites. A isso se chama Amor na sua forma absoluta. Livre e no entanto entregue. Tua e minha. Estando. Sendo.

É, simplesmente ultrapassar o visível, nas suas certezas mornas e seguras, numa fragilidade humana politicamente correcta. Metades separadas entre si. Mais ou menos. O finito certo. A alma não caminha sem um corpo, que se transmite nas sensações do toque, do cheiro.
(...)
Beijo-te, nesse desejo intenso e infinito...

Preenchida. O deserto é apenas uma ilusão, quando penso na cumplicidade e partilha que nos une. Os meus dedos procuram-te, em mim, é aí que resides...

Semear e esperar, porque o que se semeia com amor, germina com a mesma força.

Na vida, que nos seus encontros e desencontros, partidas e chegas, revela-se mágica e imprevisível.

Onde moro, sei que habito. Intensamente. Num corpo que carrega uma alma. Paixão. Que nas suas ondas insubmissas, vagueia ao sabor do sangue que grita.

Ela segue o vento, para outros lados que chamam por ela. ELE.

(Princípios de Fevereiro de 2009)

Sem comentários:

Enviar um comentário